quinta-feira, 16 de agosto de 2007

De volta às aulas (parte I)

Recomeça a rotina de faculdade. Alunos, futuros jornalistas, reencontram-se com poucos abraços, alguns beijos e sorrisos simpáticos. Sem muito assunto, não fugimos da velha pergunta: Como foi de férias?

Na maioria, não a tivemos. Nas férias, sangue de estagiário é sugado em dois turnos. Muitos estavamos envolvidos na cobertura dos jogos Pan-americanos, ou fazendo pesquisa, cuidando de alguma assessoria, etc. Ela foi apenas uma breve pausa na congregação dos “focas”, que se dava quase todas as manhãs em sala de aula. É ritual de uma única garantia, ou seja, o diploma que nem a profissão exige.

Voltamos para essa realidade após o espetáculo competitivo que aconteceu no Rio de Janeiro nos jogos Pan-americano. Nada mal recomeçar com uma aula de legislação e ética, pontualmente, às 7:30 da manhã. Assim, nós, futuros jornalistas, nos defrontamos com a própria consciência, e a condição de ser brasileiro.

“A estatura ética do brasileiro é baixa” diz o professor impecavelmente arrumado. Depois, confirmando a minha previsão quando fiz a inscrição na disciplina, ele solta a ordem: “quem já leu a Constituição de 88, sem ser por necessidade ou obrigação, levante o braço”. Se não chuto alto, deviamos ser quase 50 alunos na turma. Um, no máximo dois, levantaram o braço. Ainda deu para ouvir alguns “ não li tudo”, “só algumas partes”, e confesso, me incluam nesse último grupo.

Se ao pendurar essa roupa suja aqui, na nossa janela, já me exponho a receber as pedras e acusações do tipo “falta de amor próprio” ou “indelicadeza com a classe”, peço calma. Não acabei o serviço. Pior é revelar que os motivos da “maioria” que leu toda a Carta Magna, ou mesmo algumas partes, não são tão nobres como o amor à pátria, o senso de cidadania ou de jornalista. Corro o risco da generalizações, mas não é nenhuma novidade que são as perspectivas generosas dos concursos públicos que nos levam a ter essa relação utilitarista cam a constituição. Assim foi com a matemática, a física, a química até o vestibular.

Agora, queremos a boa vida. Diga-se de passagem que ela corre sérios riscos de não ter futuro. Em nome da eficácia sofre ataques de projeto de lei que se aprovado pode permitir, por exemplo, que funcionários da TV Pública sejam contratados sob regras do setor privado, as da CLT. E, também, da proposta de emenda constitucional que efetiva cerca de 300 mil servidores da União, Estados e Municípios sem concurso público, um verdadeiro “trem da alegria”. Ou seja, esses nem precisam beliscar o texto primordial. (http://www.oab.org.br/noticia.asp?id=10801)

Uma opinião sobre funcionalismo público: http://www.brasilwiki.com.br/noticia.cfm?id_noticia=1614
Outra:
http://www.servidorpublico.net/noticias/2007/07/29/sem-estabilidade-funcionarios-das-futuras-fundacoes-estatais-ficarao-sujeitos-a-pressoes-politicas/

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