Confesso que ao ver a marcha do MST, em pleno centro do Rio de Janeiro, pensei no filme Tropa de Elite. Não aplaudi, como tem acontecido com os exercícios matinais do BOPE na cidade. Foi uma humilde reflexão, muito estranha por sinal. Ora, por que o problema do campo deveria ter visibilidade na cidade, se no discurso dos problemas da cidade a realidade rural do país nem é mencionada?
O tumor urbano é a classe média, a polícia e o marginal. Acrescente aí ONG's corrúptas e filosofias de esquerda. Agora, favela e reforma agrária, xiii... deve ser conexão ultrapassada. Primeiro, o êxodo rural já não é mais o mesmo. E que diabos deve ter em comum o aumento do preço do leite, a gigantesca produção de papel para exportação, a privatização da Vale, o boom do etanol... com o tráfico de drogas, com a violência urbana?
Essas ainda são questões válidas? Ou deixaram de fazer sentido com a anistia concedida pelos militares?
Sobre o filme e a anistia , João Paulo Cuenca do Globo, tem um bom texto. E, como o filme, polêmico:
"o filme é de um reacionarismo que talvez não tenha paralelos na história do cinema nacional. O texto é claro como pó de mármore: o tráfico de drogas é um câncer, a elite branca é hipócrita, a PM é corrupta, e o BOPE é incorruptível. Só o BOPE, através de seus imaculados princípios, nos salvará das trevas. E para isso, tem certas licenças nada poéticas – a tortura é a principal delas. Eles, que são puros, fazem o serviço sujo que nós, hipócritas de classe média, não encaramos. A lógica do discurso policial que “Tropa de elite” reproduz é cristalina."
http://oglobo.globo.com/blogs/cuenca/#74834
OBS.: A imagem desse basculante é de Latuff , publicada no jornal dos docentes da UFRJ. Está reproduzida aqui para fins não comerciais, mas de mera divulgação e reflexão.